Paralisação dos caminhoneiros afetou criação de empregos no Brasil

A greve dos caminhoneiros terminou no fim do mês de maio, mas suas consequências no mercado de trabalho prosseguem até hoje. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nessa quarta-feira, 20, mostram um tombo de 71% na criação de empregos no mês passado em relação a abril, passando de 115.898 para 33.656 vagas na série sem ajuste sazonal. Na comparação com maio de 2017, quando foram criados 34.254 postos de trabalho, a queda foi menor, de 1,7%.

O resultado ficou bem abaixo das expectativas do mercado, que esperava 60 mil novos postos. A indústria e o comércio foram os dois segmentos que fecharam vagas, na contramão dos demais, com um saldo negativo de 18,4 mil posições. Os dois setores cortaram 11.991 e 6.464 postos, respectivamente.

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, minimizou a queda e destacou que houve criação de emprego por cinco meses consecutivos no ano. “Mesmo com problemas pontuais, como a greve dos caminhoneiros, que afetou a economia como um todo, postos de trabalho continuaram a ser gerados. Isso confirma a robustez de nossa economia e o esforço de todos — governo, empresários e trabalhadores — para vencermos o desemprego”, disse ele, em nota.

De acordo com o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, no entanto, a queda do emprego na indústria em maio foi agravada com a greve, porque o setor já estava antecipando, em maio, a queda da produção entre junho e julho por conta da Copa do Mundo. Ele ainda sinalizou que o setor deverá continuar fechando vagas. “Não dá ainda para fazermos estimativa do impacto da greve com relação a emprego até o fim do ano, mas, realmente, vai ter problemas. Isso vai ter um custo para toda a sociedade”, avisou Coelho, após encontro com o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto.

Já o consultor sobre mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) Tiago Barreira, acredita na recuperação do ritmo de criação de emprego até o fim do ano. “As previsões do mercado estavam muito otimistas e essa greve trouxe um efeito negativo, mas não foi um sinal de perda de fôlego do mercado de trabalho, pois o saldo de emprego dessazonalizado de maio acabou ficando próximo ao de abril, pelas nossas contas”, explicou. Ele prevê um saldo de 90 mil a 100 mil empregos em junho, até o final do ano, um saldo positivo de 627 mil vagas.

FONTE: Jornal Correio Braziliense.

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