Jaspion vai ganhar filme e mangá brasileiros 30 anos após estreia
Em fevereiro de 1988, Jaspion estreava na extinta TV Manchete. O seriado japonês, que mostrava um herói usando armadura poderosa e um robô gigante lutando contra um vilão que parecia o Darth Vader, da saga Star Wars, conquistou o público e se tornou fenômeno de audiência.
Até os anos 80, seriados e filmes japoneses não chegavam ao Brasil e pouco se sabia sobre essas produções. Com Jaspion, abriu-se as portas para mais desenhos e séries, se tornando cada vez mais populares e causando uma mudança radical no mercado. Os chamados tokusatsus, produções que usam efeitos especiais, ganharam espaço na grade das emissoras e fizeram parte da infância e adolescência de toda uma geração. Os jovens da época cresceram assistindo monstros e robôs gigantes atacando cidades, heróis lutando contra o mal e muita explosão e destruição em cada batalha.
Antes de estrear na televisão, Jaspion enfrentou muitas recusas das emissoras. O seriado foi trazido ao Brasil pela Everest Video, locadora que alugava para os clientes fitas com conteúdo original da TV oriental. Vendo o sucesso e a curiosidade que os clientes tinham pelas produções, decidiram oferecer as fitas para as grandes emissoras de televisão, mas o plano não deu certo.
Foi na Rede Manchete que a série e Esquadrão Relâmpago Changeman encontraram espaço. No auge, Jaspion chegou ao primeiro lugar na audiência, batendo novelas das emissoras rivais.
Desde 1994, a série já foi reprisada por outros três canais, e pode ser assistida nos dias atuais na Rede Brasil.
Agora, 30 anos depois da estreia, a série completa está disponível no PlayPlus. Além disso, o personagem vai ganhar uma versão brasileira em quadrinhos e um filme, feito 100% no Brasil.
Quadrinho versão brasileira
Em julho de 2018, a editora JBC anunciou que Jaspion voltaria em aventuras inéditas em um mangá produzido inteiramente no País, com roteiro e arte feitos por artistas brasileiros.
Para comemorar os 30 anos do herói no Brasil e celebrar os 110 anos da Imigração Japonesa, a empresa entrou em uma parceria inédita com a Sato Company, detentora dos direitos autorais do herói no Brasil e a Toei Company, criadora do seriado.
No anúncio, a editora conta que os quadrinhos vão retomar o que foi mostrado na série clássica, sem deixar de contextualizar o que aconteceu há 30 anos atrás com os tempos atuais, mais conflitos, os personagens já conhecidos e novos e “até um novo penteado”. O mangá está em fase de produção e aprovação do roteiro, mas deve ser lançado em 2019.
Produção brasileira
Em homenagem aos 30 anos do herói, a Sato Company anunciou em fevereiro que vai lançar um filme brasileiro da série. Prestes a começar a pré-produção, Nelson Sato, diretor da empresa, conta que o cenário político atrasou um pouco o planejamento do longa. “Não é uma fase muito fácil, algumas leis podem mudar”.
Segundo o cronograma, a construção do roteiro vai começar em janeiro de 2019, e pode durar até quatro meses para terminar, já que a história precisa ser aprovada pela Toei Company antes. Os roteiristas vão ter liberdade na hora de escrever, pretendem homenagear o seriado de 1985 e criar novos personagens.
Depois, em maio, começa a seleção do elenco. O diretor garante que serão nomes desconhecidos e famosos, mas sabe que a pouca diversidade de atores asiáticos na indústria vai ser um fator complicado na hora de escolher o time do longa. “A gente tem pouco talento asiático, mas o casting não vai ser limitado”, afirma.
As gravações vão acontecer entre junho e julho, originalmente em São Paulo, mas isso pode mudar no roteiro. Com as cenas prontas, começam os efeitos especiais. O diretor promete que os efeitos vão ser uma mistura dos anos 80 com algum toque mais moderno e atual, misturando nostalgia e tecnologia.
A previsão é que o filme seja lançado antes das Olimpíadas de Tóquio, que começam em julho de 2020. “Ainda não dá para dizer como o filme vai ficar, mas vai ser uma homenagem aos 30 anos de Jaspion e a carreira dele no Brasil, além de ser o primeiro filme de ficção científica desse tipo feito no País”, conta Sato.
“A ideia é agradar ao público que cresceu com Jaspion, que hoje tem 30, 40 anos, é casado e tem filhos. E tentar buscar os jovens, que estão antenados com a Marvel”, revela. O Universo Cinematográfico da Marvel, aliás, também é uma das referências ao filme por adaptar quadrinhos antigos nos cinemas e manter a história atual e cativante.
A história original
Na série, Jaspion é órfão de pai e mãe e foi criado pelo sábio Edin. O herói chega à Terra a bordo da nave-robô Daileon acompanhado pela androide Anri e a mascote Miya.
A missão do herói é enfrentar o maléfico Satan Goss, vilão feito de toda a maldade do universo. Para conseguir completar o objetivo, Jaspion precisa encontrar os escolhidos por Deus, que têm o poder de localizar o Pássaro Dourado. Ave mística guarda o segredo para derrotar MacGaren, o segundo no comando do Império do Mal.
Sucesso local
Diferentemente do que se acredita, Jaspion não foi um fracasso de audiência no Japão. Apesar de ter sido cancelada depois de 46 episódios, lançados entre 1985 e 1986, a série chegou a ficar em quarto lugar durante a década de 1980, atrás da trilogia Policiais do Espaço. Jaspion conseguiu uma audiência superior aos outros tokusatsu populares no Brasil, como Jiraya, Jiban, Changeman e Kamen Rider Black.
O que fez com que a série explodisse no Brasil foi a inovação e a novidade. Antes de Jaspion, não existiam produções que mostrassem monstros gigantes, robôs e heróis que travavam batalhas intensas e efeitos especiais como os usados na série. Já no Japão, o seriado foi o quarto Metal Hero (leia mais abaixo) exibido, o que não o tornava mais uma novidade entre os espectadores.
Jaspion vendeu produtos, bonecos, ajudou a manter a popularidade dos metal heroes até o final da década e a audiência era boa, conseguindo vencer todos os outros tokusatsu do gênero que chegaram depois.
O Metal Hero
O metal hero foi uma franquia do tokusatsu criado pela Toei Company, produtora de Jaspion, em que um herói da Terra era treinado no espaço para se tornar um policial espacial. Usando armadura metálica, pilotando uma nave de combate e com superpoderes ou armas potentes, ele voltava à Terra para enfrentar um vilão intergalático, uma sociedade do mal ou alguma criatura poderosa que queria conquistar o universo.
FONTE: R7.