Japão: empresa aluga amigos para equilibrar ‘desvantagens sociais’

Alugar amigos para fazer volume em um casamento, um namorado de mentira para apresentar aos pais, um parente que faça visitas regulares à casa de repouso, um colega que te elogie na frente de outros… No Japão, este mercado não somente existe, como é bastante popular.

“Nós, japoneses, somos mais preocupados com a opinião dos outros do que com a nossa. A simples ausência de alguém em nossas vidas pode se tornar motivo para que aluguemos um substituto”, explica Ishii Yuichi, CEO da Family Romance — empresa sediada em Tóquio que oferece serviços de pais, mães, filhos, sobrinhos, colegas de trabalho e o que mais os clientes pedirem. Todos “de aluguel”.

Pai ou mãe de aluguel:

Em 2009, Yuichi notou a brecha no mercado: uma de suas amigas, que era mãe solteira, pediu a ele que fingisse ser pai de seu filho em uma reunião escolar.

“A taxa de divórcio no Japão é alta e as famílias que contam com apenas um dos pais sofrem preconceito e enfrentam desvantagens sociais — muitas escolas sequer aceitam as crianças. Um parente de aluguel pode ajudar nesse tipo de situação”, explica o empresário ao R7.

Yuichi relata que, naquele primeiro ano, passou a oferecer os serviços sozinho e teve ganhos de 300.000 ienes (aproximadamente R$ 10.420,00).

“Em 2018, com 20 funcionários fixos e um banco com 2.000 atores registrados, tivemos ganhos de 130 milhões de ienes (cerca de R$ 4.521.934,00). Qualquer pessoa que esteja no Japão pode nos contratar. Oferecemos, inclusive, atores que falam inglês”, conta.

Atualmente, o papel mais desempenhado pelos atores da Family Romance continua sendo o de pai; o das atrizes, de mãe. “Cerca de 500 candidatos fazem testes para entrar no banco da empresa todos os meses. Aprovamos cerca de 50”, aponta.

Casamentos:

De todos os serviços oferecidos pela empresa, Yuichi revela ao R7 que os mais inusitados costumam envolver casamentos.

“Uma vez, uma noiva estava preocupada com a grande quantidade de convidados de seu futuro marido — não queria que pensassem que ela tinha poucos amigos. Contratou atores e assim houve um equilíbrio entre os convidados de cada lado”, detalha.

De acordo com o empresário, houve ainda um caso em que o noivo, que não tinha um bom relacionamento com a própria família, recorreu a um pai e uma mãe alugados para o dia da cerimônia.

“E também teve uma noiva que, em seu segundo casamento, preferiu contratar 50 amigos, colegas de trabalho e familiares de aluguel para evitar que os verdadeiros soubessem de seu novo matrimônio.”

Pelo mundo:

Com a empresa em ascensão, Yuichi confessa ter planos de levar os serviços para outros países — inclusive o Brasil, que abriga a maior população de descendentes e japoneses fora do Japão.

“Quero desenvolver negócios em locais como o Brasil. Antes de tudo, quero que o mundo entenda a necessidade do tipo de trabalho que desenvolvemos. Eu quero uma sociedade onde todos possam viver de forma igual [sem desvantagens]”, finaliza.

FONTE: R7.

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