Ceará tem o maior índice de Chikungunya do País; e o 4º de dengue
O Ceará possui a maior taxa de incidência de febre chikungunya e a quarta de dengue do País. Conforme revelou o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, referente ao período de 1º de janeiro a 27 de março, o Estado atingiu proporção de 92 casos de chikungunya para cada 100 mil habitantes, número quase quatro vezes superior ao registrado em igual período do ano passado (19,5). Já em relação à dengue, a taxa de incidência chegou a 120,2 casos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para as dos estados de Tocantins (224,0), Goiás (210,6) e Acre (149,5).
Conforme o dado mais recente, neste ano já foram notificadas 10.778 ocorrências de dengue e 8.250 de febre chikungunya. Os dois números representam aumento em relação ao cenário de 2016. Entre janeiro e março do ano passado, segundo o Ministério, foram registrados 8.228 e 1.747 casos suspeitos das doenças, respectivamente.
No boletim da pasta federal, os municípios cearenses de Aracoiaba, Baturité, Caucaia e Fortaleza aparecem na lista das cidades com as maiores taxas de incidência acumulada de febre chikungunya no Brasil. Dentre os 5.261 municípios brasileiros com população inferior a 100 mil pessoas, Aracoiaba e Baturité aparecem na 2ª e na 3ª posição, respectivamente, com incidências de 1.660,1 e 1.635,7 casos por 100 mil habitantes. Caucaia atingiu o 5º lugar na lista das maiores taxas em cidades com população de 100 mil a 499 mil pessoas. A incidência na localidade é de 370,2 casos por 100 mil habitantes.
Já Fortaleza teve destaque negativo dentre os municípios com mais de 1 milhão de moradores, com taxa de incidência igual a 113,2 casos por 100 mil habitantes, a maior do grupo.
Segundo a coordenadora de promoção e proteção à saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Daniele Queiroz, a evolução dos casos de febre chikungunya segue a tendência prevista para este ano, uma vez que se trata de uma doença nova no Ceará para a qual a maioria da população não está imune. Em relação à dengue, ela afirma que o número de casos notificados e registrados até o momento, embora altos, estão abaixo da curva esperada e ainda não caracterizam uma epidemia, a exemplo do que ocorreu no ano passado.
Chuvas
Daniele explica que dois fatores podem ter influência nas elevadas taxas de incidência das doenças no Ceará. O primeiro, conforme ela, está ligado à ocorrência de chuvas no Estado. “Nós sofremos com a falta de água, por conta do acondicionamento irregular, e com o período de chuvas, porque, quando chove, facilita a formação de criadouros e o mosquito se prolifera com maior facilidade”, diz.
A mudança de gestores municipais entre o fim do ano passado e o início deste ano também contribuiu para o aumento, explica Daniele. Conforme ela, em muitas cidades cearenses, a transição prejudicou a execução dos trabalhos de controle vetorial em um período crítico. “Cerca de 81% dos municípios tiveram novos gestores. As ações devem ser contínuas, mas tiveram um impacto entre dezembro e janeiro, época em que a curva de casos tem ascendência”, observa.
Segundo a coordenadora, a Sesa tem prestado apoio técnico aos municípios em situação mais grave, capacitando profissionais da saúde, formando brigadas de combate ao mosquito transmissor, auxiliando no trabalho de mobilização da população e, quando necessário, fornecendo equipamentos para controle vetorial a partir do uso do fumacê.
FONTE: Diário do Nordeste.