Desde a adoção do regime de metas de inflação em 1999, o Brasil registrou, em 2024, a oitava vez em que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superou o limite máximo estabelecido. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2024 em 4,83%, enquanto a meta era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, um intervalo entre 1,5% e 4,5%.
O Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do Banco Central (BC), é responsável por definir a meta de inflação. A execução da política monetária para alcançar essa meta é conduzida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que utiliza, entre outros instrumentos, a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 12,25% ao ano. O último ajuste, um aumento de 1 ponto percentual, ocorreu em 11 de dezembro de 2024. O Copom já indicou a possibilidade de novos aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, com o objetivo de conter a pressão inflacionária nos próximos anos.
Fatores como eventos climáticos adversos, desvalorização do real frente ao dólar e o aumento nos preços das carnes contribuíram para a inflação acima da meta em 2024. Em carta aberta divulgada nesta sexta-feira (10), o Banco Central atribuiu a alta do dólar e das commodities, além do aquecimento da economia, como principais causas para o descumprimento da meta de inflação no ano passado.
O regime de metas de inflação visa garantir a estabilidade de preços no país, conferindo maior segurança sobre os rumos da política monetária e melhorando o planejamento de famílias, empresas e governo. Sempre que a inflação ultrapassa o limite estabelecido, o presidente do BC deve enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, detalhando as causas do descumprimento, as medidas para retornar aos limites e o prazo esperado para que essas ações produzam efeito.
Além de 2024, a inflação no Brasil superou o intervalo de tolerância nos anos de 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022.
Fonte: Agência Brasil.