
(Foto: Salão do Carro).
Um aumento de R$ 50 no valor do transporte universitário para Cajazeiras (PB) está gerando revolta entre estudantes do município do Barro, no Ceará. Os motoristas das Vans que fazem o trajeto ajustaram a mensalidade de R$ 350 para R$ 400 por aluno, alegando reajustes no preço do diesel, do ICMS e custos de manutenção dos veículos. A medida, porém, ameaça a continuidade dos estudos de dezenas de jovens de baixa renda, que já dependem de uma bolsa-transporte de R$ 200 oferecida pela prefeitura.
Atualmente, os universitários pagam R$ 150 do próprio bolso, mas, com o aumento, a contribuição individual subirá para R$ 200 – valor considerado inviável por muitos. “Já era difícil com R$ 150, mas agora compromete ainda mais o orçamento das nossas famílias. Tem gente pensando em trancar o curso”, relatou uma estudante que preferiu não se identificar.
Motoristas justificam aumento, mas estudantes contestam
Os condutores das Vans defendem o reajuste, explicando que, em 2024, não houve aumento nas tarifas, mas os custos operacionais dispararam. O litro do diesel teve alta de R$ 0,22 após ajuste da Petrobras neste sábado (1º), somando-se ao aumento do ICMS estadual (R$ 0,06 por litro) e aos gastos com manutenção dos veículos.
Os alunos contestam a porcentagem do aumento (14,3%), considerada desproporcional. “Se o diesel subiu 6%, por que nossa tarifa aumenta 14%? Eles não são transparentes com a gente”, criticou um estudante. A insatisfação mobilizou o grupo a buscar uma reunião urgente com a Secretaria de Educação do Barro para negociar alternativas, como substituir as Vans por ônibus municipais, aumentar o auxílio-transporte ou firmar um acordo com os motoristas para reduzir o reajuste.
Medo de efeito dominó: Juazeiro do Norte pode ser a próxima
Enquanto a tensão se concentra no trajeto para Cajazeiras, estudantes que frequentam universidades em Juazeiro do Norte (CE) temem que os motoristas locais sigam o exemplo. A rota para a “terra do Padre Cícero” já é mais cara – cobra-se acima de R$ 400 por aluno –, e um novo aumento poderia inviabilizar o acesso ao ensino superior.
Cenário nacional pressiona preços
O reajuste do diesel reflete decisões em cadeia: a Petrobras elevou os preços nas refinarias para reduzir uma defasagem de 17% em relação ao mercado internacional, enquanto o ICMS, tributo estadual, teve ajuste anual baseado na média de preços da ANP. A combinação impactou não só o transporte, mas também setores como o gás de cozinha, que, apesar da leve redução no ICMS (de R$ 1,41 para R$ 1,39 por quilo), segue com preços instáveis.
O que diz a Secretária de Educação do Barro?
Segundo informações repassadas pelos universitários à reportagem do Plantão Barro, os estudantes aguardam um posicionamento da Secretaria de Educação municipal sobre o tema. Eles pedem, por exemplo, o agendamento de uma reunião para debater alternativas, como a substituição das Vans por ônibus. O pedido da reunião foi formalizado, mas ainda não há resposta concreta.
Enquanto isso, os universitários pressionam por transparência: “Queremos saber como é calculado esse valor e por que a prefeitura não assume o transporte diretamente, como fazem outras cidades”, destacou um estudante à reportagem.
A situação expõe a vulnerabilidade de quem depende de políticas públicas para acessar a educação – e o desafio de equilibrar custos em um país onde a mobilidade ainda é um privilégio.