63% declaram não ganhar o necessário e ter problemas financeiros
A maioria dos brasileiros sente que o orçamento familiar perdeu poder de compra e que a economia não vai conseguir engatar uma reação mais forte nos próximos meses, ainda que melhore um pouco.
Segundo Datafolha, 63% afirmam sentir restrições financeiras em casa. Desse contingente, 37%, declaram que o dinheiro da família hoje não é suficiente, e que às vezes até falta. Outros 26% afirmam que ganham muito pouco, o que traz dificuldades.
O Datafolha ouviu 2.556 brasileiros em 181 cidades na quarta-feira (22) e quinta (23). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.
Essa pesquisa mais recente mostra uma reversão na tendência detectada anteriormente.
O contingente de brasileiros que declaravam ter limitações orçamentárias na família vinha caindo desde o pico, em julho de 2016, quando 67% afirmaram ter problemas financeiros em casa. Há um ano, essa parcela havia diminuído para 55%.
O número de brasileiros que declarava ganhar muito pouco ainda avançava, e chegou a 25% em junho de 2021. No entanto, o contingente que dizia não ganhar o suficiente, e ver o dinheiro faltar, vinha em queda, chegando a 30%.
Naquele momento, 39%, afirmavam ganhar exatamente o que precisavam para viver. Agora, essa parcela caiu para 32%.
A pesquisa mostra que a situação atualmente é muito delicada principalmente para quem tem renda familiar de até dois salários mínimos, com 81% declarando sofrer limitações financeiras.
Nessa parcela, 42% afirmam que a renda familiar não é suficiente, e às vezes falta dinheiro, enquanto 39% dizem que ganham muito pouco e têm dificuldades.
REAÇÃO ECONÔMICA É LENTA
As projeções para a economia ainda são ruins para os próximos meses, mas a parcela de brasileiros que estimam uma reação começa a subir.
Na pesquisa atual, 63% esperam aumento na inflação contra 74% em março. A parcela que projeta redução foi de 10% para 13%, enquanto quem acredita que vai ficar como está passou de 12% para 19% no mesmo período.
O grupo que estima aumento no desemprego lidera, mas também cedeu, de 50% em março para 45% agora.
Em relação à expectativa do poder de compra dos salários, há uma melhora, com empate técnico no Datafolha de junho. A pesquisa mostra que 34% acreditam que vai perder poder de compra, outros 33%, que vai ficar como está.
Em março, 40% esperam perda e 29% acreditavam que iria ficar como estava.
A parcela que estima aumento no poder de compra ficou na margem de erro, indo de 27% em março para 29% agora.
A leitura sobre o desempenho econômico não se altera há alguns meses.
Nesta pesquisa de junho, a parcela de brasileiros que declara ver piora na economia é de 67%. O patamar é similar ao registrado nas pesquisas de dezembro do ano passado (65%), março (66%) e maio (66%) deste ano.
No entanto, chama a atenção a percepção mais negativa em alguns segmentos. Entre os quem têm renda familiar de até dois salários mínimos, 70% afirmam que a economia piorou. Essa leitura é majoritária entre mulheres e jovens de 16 a 24 anos, com 73% em ambos segmentos afirmando que houve piora na cena econômica.
No plano pessoal, a leitura é um pouco mais amena.
A maioria dos entrevistados declara que sua situação econômica piorou. No entanto, esse contingente caiu de 52% em maio para 47% agora.
Em contrapartida, subiu de 29% em maio para 32% nesta pesquisa em junho a parcela que declara não ver mudanças na condição econômica. O número de entrevistados que identificam melhora está estável. Foi de 19% nas pesquisas de dezembro, março e maio, e 20% agora.
Olhando para frente, existe uma expectativa de que dias melhores virão.
A projeção de melhora da economia tem crescido e já empata com as previsões negativas. O número de pessoas que espera piora na economia caiu de 40% em março para 34% agora. Quem tem expectativa de uma melhora subiu de 27% para 33% no período.
A maioria espera melhorar na sua situação, mas os dados permanecem praticamente estáveis.
No Datafolha de junho, 47% acreditam que sua situação vai melhorar. Em março eram 45%. Nas duas pesquisas 35% declararam que a situação tende a ficar igual. Houve leve queda na parcela que prevê piora na sua situação, 18% para 15% agora.
FONTE: Folhapress.