Secretária cita ‘colapso total’ da saúde no Cariri cearense e risco de 3ª onda: ‘Não teremos medicamentos, oxigênio nem leitos’

As cidades do Cariri cearense, região ao sul do estado, sofre um cenário de “colapso total” no sistema de saúde, conforme a secretária da Saúde de Mauriti, Evânia Furtado. Conforme a Evânia, os hospitais da região estão lotados, com fila de espera por um leito de UTI e há o risco de uma terceira onda da Covid-19, que pode ser ainda mais grave.

“Nós temos vivido dias muito difíceis, no nosso Cariri a situação da rede de atenção a saúde é de colapso total. A gente tem tido semanas de 50 pacientes, 60 pacientes, na fila de UTI na nossa macrorregião do Cariri. A gente tem ficado com pacientes 10 dias, 18 dias aguardando essa fila que não sai. Como todos os leitos estão sendo ocupados por Covid, consequentemente pessoas que precisam de UTI por outros motivos estão tendo essa vaga negada, simplesmente porque as unidades hospitalares não têm mais como atender esses pacientes.

Na quinta-feira (20), Mauriti adotou medidas de isolamento rígido que proíbem o funcionamento de atividades não essenciais. A secretária afirmou que parte da população não tem obedecido às medidas, o que levou o município a adotar multa, cujo valor varia de R$ 3 mil a R$ 75 mil, para quem descumprir as normas.

“A gente já passou da parte de conscientização através de ‘fique em casa’, orientar… então agora nós partiremos para a parte mais enérgica, puniremos, porque quem sabe a realidade dos nossos hospitais são os trabalhadores da saúde. E quem sabe a dor que está sentindo, é quem perdeu um ente da família.”

O decreto de flexibilização da economia que entrou em vigor nesta semana no Ceará não beneficiou a região do Cariri, onde o número de novos casos da doença segue alto.

Falta de medicamentos e risco de terceira onda

Outra situação que agrava a crise sanitária na região é a dificuldade em obter o “kit intubação”, materiais medicinais necessários para atender pacientes em estado grave que precisam passar pelo procedimento de respiração artificial.

“Uma realidade também que eu preciso colocar aqui não é para apavorar, mas de certa forma apavora é que está faltando medicamentos do kit intubação nas distribuidoras, que a gente precisou procurar hospitais parceiros para nos emprestar medicamentos, porque a gente não consegue comprar. Eles também não estão conseguindo. Vai chegar um tempo que possivelmente a gente não vai mais conseguir comprar, não é a realidade só de Mauriti, é a realidade do Brasil. A gente não vai mais conseguir medicamentos do intubação.”

Ainda conforme a secretária Evânia Furtado, caso as novas infecções por Covid não sejam controladas, a região pode sofrer uma terceira onda, ainda mais grave, da pandemia.
“O cenário epidemiológico nas próximas semanas tem tendência é piorar, por conta do resultado do Dia das Mães e a gente está fazendo esse lockdown rígido nos próximos dias exatamente para evitar que a gente entre na terceira onda, porque na terceira onda nós não teremos medicamentos, não teremos oxigênio e nem leitos hospitalares.”

FONTE: Portal G1 – CE.

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