Ceará registra aumento de 21,9% no total de casos de dengue
Os casos confirmados de dengue cresceram 21,9% até o início de setembro deste ano, no comparativo com o mesmo período do 2019. O número de registros saltou de 14.033 para 17.108, segundo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Os dados, publicados no último dia 10, mostram que houve nove mortes no período analisado.
O boletim de arboviroses registra os casos até a 36ª semana epidemiológica de 2020, concluída no dia 5 de setembro. A análise compara com o igual período do ano passado, quando a 36ª semana se encerrou no dia 7 de setembro. “Observa-se que nos anos em análise, as maiores incidências registradas foram de dengue, com picos epidêmicos em maio/2019 e abril/2020”, detalha o documento.
“Quando a gente coloca a curva nas médias móveis, a gente ficou numa situação não epidêmica. Houve um pequeno aumento porque teve muitas chuvas e a questão da Covid, que atrapalhou um pouco o trabalho dos agentes”, analisa Roberta de Paula Oliveira, coordenadora de Vigilância Ambiental e em Saúde dos Trabalhadores pela Sesa.
O período mais crítico da doença corresponde também ao pico da pandemia do novo coronavírus no estado, entre abril e maio.
Na Região de Fortaleza, o aumento foi de 65,8%, com registro de 7.149
casos neste ano e 4.311 pacientes em 2019. A capital teve o maior número
em relação aos municípios vizinhos, com 6.578 doentes.
Preocupação no interior
O maior aumento percentual de casos de dengue, no entanto, foi registrado na Região do Cariri, com 109,3%, passando de 3.426 casos no ano passado, pra 7.172 registros em 2020. A cidade do Crato foi a mais afetada na área, com 1.300 pacientes.
Nos municípios ao Norte do Estado, o aumento foi de 95,3%, com 258 casos no ano passado e 504 pacientes neste ano. Ipaporanga teve mais da metade dos casos da região, com 291 pacientes.
No Sertão Central, o número teve queda de 6,4% com o registro de 892
casos no ano passado e 835 confirmações neste ano. Quixeramobim foi mais
impactada, com 370 casos da doença.
A queda mais expressiva foi registrada na Região do Litoral Leste, com
redução de 71,8%, onde foram 5.146 casos de dengue em 2019 e 1.448
pacientes em 2020. Neste ano, o município mais afetado da localidade foi
Limoeiro do Norte onde 718 pessoas tiveram a doença.
Ao todo, foram 173 casos de dengue com sinais de alarme, a maioria (87) registrados na capital. Também foram notificados 16 casos de dengue grave em que nove foram à óbito, em Fortaleza (5), Barbalha, Juazeiro do Norte, Missão Velha e Quixeramobim, com uma morte em cada. Os pacientes tinham idade entre quatro meses e 69 anos.
Perfil dos pacientes
O boletim epidemiológico detalha que a maioria dos casos de dengue foi em pessoas entre 20 e 49 anos, com 55,4% (9.477) dos casos, e do sexo feminino, com 54,5% (9.320) dos casos.
Nataly Santos, de 24 anos, está neste grupo porque teve dengue no início de março, além da infecção pelo novo coronavírus no fim de abril.
A estudante teve febre e dor no corpo por causa das duas doenças, mas a dor nos olhos, somente na dengue, e a falta de paladar e olfato, apenas quando teve Covid-19. “Da dengue eu cheguei a ir para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], fiz exames e o tratamento com muito líquido, repouso, antitérmico e monitoramento das plaquetas para não evoluir para uma dengue hemorrágica”, relembra.
A rua em que Nataly Santos mora em Fortaleza não tem pavimentação adequada e existem acúmulos de água no período chuvoso. “A gente tenta ficar tranquilo para não abalar o psicológico, porque quando começou [a pandemia] teve aquela ansiedade, a gente tem uma bebê em casa e fica aquele medo de acontecer alguma coisa mais grave”, relata.
A rotina de limpeza, isolamento social e alimentação com mais líquidos e frutas continua válida mesmo após as doenças. “A gente ainda está mantendo os cuidados porque o Covid não se tem certeza se pode pegar outra vez, e a dengue a gente pode pegar mais de uma vez de forma comprovada”, reforça a estudante.
Monitoramento
Roberta Oliveira explica que as medidas de prevenção à dengue são feitas com base no monitoramento dos casos por municípios e localidades.
Novembro e dezembro, meses antes do início das chuvas no Ceará, devem ter reforço nas campanhas de conscientização, de acordo com a coordenadora. “As visitas no meio da pandemia tinham uma determinação para os agentes não entrarem nas casas, fazerem [vistoria] os quintais e as frentes das casas. A gente já está normalizando com todos os cuidados, mas dá para adentrar um pouco mais”.
FONTE: Portal G1-CE.