Ceará tem o melhor desempenho do ensino fundamental do País; Ensino Médio ainda é desafio
A rede pública de educação do Ceará teve, em 2019, a maior evolução histórica do País no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), passando de 2,8 em 2005 para 6,3 ano passado. Ritmo de crescimento que, segundo relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgado na manhã desta terça-feira, 15, é quase duas vezes superior à média nacional.
Isso significa que 98,9% das escolas públicas cearenses (em 182 dos 184 municípios) conseguiram alcançar a meta de desempenho proposta para 2019. Desempenho este que, de acordo com o Inep, é calculado a partir da combinação entre a proficiência obtida pelos estudantes em avaliações de larga escala, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), e nas taxas de aprovação, ou seja, na progressão deles entre etapas/anos escolares.
Com a consolidação da base do ensino fundamental, a educação pública tem conseguido progredir, também, em séries mais avançadas. Quando se trata do desempenho escolar nos anos finais (6º ao 9º ano), o Ceará teve a melhor nota do País (5,2), de acordo com o Inep, figurando entre os sete únicos estados que conseguiram alcançar a meta estipulada para o Ideb 2019, ao lado de Amazonas, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Paraná e Goiás.
Ao chegar ao ensino médio, porém, essa melhoria desacelera, mas não deixa de ser significativa. Após anos com o desempenho estagnado (em 2009, 3,4; em 2011, 3,4; em 2013, 3,3; em 2015, 3,4; em 2017, 3,7), o Ceará conseguiu alcançar a nota 4,2 no Ideb 2019. Não é ainda a meta estipulada para o ano (4,5), mas está entre as maiores do País. Neste aspecto, somente Pernambuco e Goiás conseguiram alcançar as notas que deveriam.
Rede privada
A rede privada de educação do Ceará também tem progredido, mas de forma menos acelerada e ainda sem alcançar metas de desempenho. Nos anos iniciais do ensino fundamental, a rede privada saiu de um Ideb de 5,4 em 2005 para 6,7 em 2019. Nos anos finais, de 5,5 para 6,1. Já no ensino médio, de 5,5 para 5,7 (mesma nota alcançada em 2017).
Educação brasileira
A educação brasileira avançou em todas as etapas do ensino. Contudo,
somente nos anos iniciais do ensino fundamental é que conseguiu cumprir
as metas previstas para 2019. Os índices nacionais ficaram abaixo do
esperado tanto nos anos finais quanto no ensino médio.
“A avaliação (do Ideb) é relativa à expectativa que o Inep tem de
(evolução em) cada região. Em cada estado há uma. Olhamos com muito
critério”, disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em coletiva de
imprensa transmitida ao vivo na manhã desta terça-feira, 15.
Nova avaliação da educação básica
Na mesma coletiva, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, informou
que a última aplicação do Ideb no formato atual será em 2021, com
previsão para publicação de dados em 2022. Contudo, adiantou, “ao final
de um ciclo, a gente sempre começa um novo”.
Segundo o gestor, as mudanças na avaliação da educação básica devem
começar pelo Saeb, que, atualmente, é aplicado a cada dois anos aos
estudantes de 2º, 5º e 9º anos. Na nova proposta, o Saeb será anual e
aplicado em todas as séries do ensino fundamental e do ensino médio.
Além disso, deve chegar de forma censitária a todos os estudantes,
inclusive, os da rede privada, e englobar todas as áreas do
conhecimento, não apenas português e matemática.
O início dessa reformulação está previsto para 2021, especificamente para o ensino médio e paralelamente à aplicação do Saeb tradicional. De acordo com Lopes, o teste “vai compor uma proficiência que chamamos de ‘Enem Seriado’. Os jovens brasileiros vão ter mais uma oportunidade de ingressar no ensino superior”.
O novo modelo do Ideb, bem como a pactuação de novas metas para o desenvolvimento da educação brasileira, ainda estão em estudo pelo Inep.
FONTE: Diário do Nordeste.