Decisão de Marco Aurélio gera onda de críticas de integrantes do MPF
Integrantes do Ministério Público Federal, inclusive os procuradores que fizeram ou fazem parte das forças-tarefas da Lava Jato, criticaram nas redes sociais a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurelio que determinou a soltura de presos após 2ª instância.
Essa determinação afeta a execução da pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril.
Carlos Fernando dos Santos Lima, que deixou o grupo da Lava Jato em Curitiba em outubro, afirmou que o ministro “dá a Lula um presente de Natal”, “só que às custas da crença da população na Justiça”.
Membro da força-tarefa paranaense, Roberson Pozzobon disse que há “alegria no cárcere”, mas “imensa tristeza para a sociedade brasileira”.
“Marco Aurélio quer instaurar o pandemônio!!! Afundar de vez a imagem da corte”, exclamou o coordenador do núcleo de combate à corrupção da Procuradoria da República no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha.
O procurador regional Vladimir Aras, que fez parte do grupo da Lava Jato à época da gestão de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República, chamou a determinação de “manifestação da síndrome -a das decisões monocráticas- que vem destruindo a credibilidade do STF”.
“Os juízes julgam o povo, mas é o povo que julga a justiça dos juízes”, disse.
“O ministro Marco Aurélio concedeu uma liminar em ADPF [arguição de descumprimento de preceito fundamental] que atingirá incontáveis processos penais no país inteiro”, afirmou Aras. “Nem ele sabe quais, mas isso não importa. Isto às vésperas do recesso judiciário. O motivo de assim decidir não está na fundamentação, mas o resultado todos podem ver.”
Janice Ascari, da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, disse: “libertou geral”. “Mais um caso de desrespeito monocrático às decisões do Plenário do STF com repercussão geral.”
O procurador Lucas Gualtieri lembrou a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, sobre a possibilidade de fechar o Supremo.
“‘Em Brasília, procuram por um cabo e um soldado’, diz leitor”, publicou.
FONTE: Folhapress.