Sistema Penal do Ceará está “dominado, inchado e fatiado” pelas facções criminosas
Cerca de 2.120 presidiários cearenses foram beneficiados nos últimos seis meses pela Justiça com a adoção de medidas cautelares, isto é, deixaram as celas dos presídios, penitenciárias e cadeias pública e estão em casa ou nas ruas usando tornozeleiras eletrônicas. Em tese, sendo monitorados eletronicamente 24 por dia pela Secretaria da Justiça e da Cidadania do Ceará (Sejus).
O número de “tornozelados”, porém, representa apenas 7,3 por cento do total da massa carcerária no Ceará, que já soma em torno de 28,9 mil detentos. De acordo com o último levantamento da Sejus acerca das estatísticas do Sistema Penitenciário cearense, com dados relativos de janeiro a junho, no Ceará, o número exato de presos é 28.965, sendo 27.380 homens e 1.585 mulheres.
O sistema está “inchado” mesmo com a inauguração de novas unidades carcerárias. Nas cadeias públicas, por exemplo, o total de vagas disponíveis pelo estado é de 3.751, mas hoje elas abrigam 8.771, isto é, 5.146 presos além de capacidade, gerando um excedente de 137,2 por cento.
Nas 14 unidades mais amplas do sistema, as vagas somadas chegam a 9.168, porém, hoje estão abrigados 15.845, isto é, um excedente de 6.677 presos a mais que a capacidade das Casas de Privação Provisórias da Liberdade (CPPLs), presídios e penitenciárias. A superlotação chega a 72,8 por cento.
No Instituto Presídio Feminino (IPF), que tem capacidade para 374 detentas, estão recolhidas ali 963, isto é, 589 internas a mais, o que gera uma superlotação de 157,5 por cento.
Já no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira 2 (IPPOO 2), em Aquiraz, são 1.090 internos, quando há somente 492 vagas. São 598 pessoas a mais acomodadas no conjunto de celas, representando uma superlotação que atinge 121,5 por cento.
Fatiado?
O governo do estado, representado pela Sejus, mantém o “fatiamento” do Sistema Penitenciário, separando as facções criminosas por unidade carcerária. Nas Casas de Privação Provisória da Liberdade 1 e 4 estão os presidiários que se intitulam membros do Comando Vermelho (CV). Na CPPL 2 ficam os detentos ligados à facção Guardiões do Estado (GDE). E na CPPL 3 estão os membros da facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Dados elaborados pela própria Sejus revelam que a facção CV é a maior dentro do Sistema Penitenciário. Um “exército” de cerca de 8 mil homens está distribuído por cinco presídios e 26 cadeias públicas.
A Guardiões do Estado (GDE), tida como a mais violenta e armada no Ceará, conta com 5.335 detentos distribuídos por quatro presídios, 23 cadeias públicas no Interior, além da CPPL 2.]
O PCC, segundo o levantamento da Sejus, soma 1.522 “soldados” no Sistema Penitenciário cearense, dominando 20 cadeias públicas no Interior, além da CPPL 3, em Itaitinga.
FONTE: Ceará News7.