Ceará é quarto estado que mais mata comunidade LGBT no Brasil

30 pessoas da comunidade LGBT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – foram assassinadas por homofobia no Ceará em 2017. Com esse número, o Ceará ocupa o quarto lugar do País nesse tipo de violência, perdendo apenas para os estados de São Paulo (59), seguido de Minas Gerais (43) e Bahia (35). Em todo o país foram 445 assassinatos, o que representa uma morte a cada 19 horas.

As informações são do Grupo Gay da Bahia, com base em notícias veiculadas pelos meios de comunicação o que, possivelmente, pode ser um número abaixo da realidade. O monitoramento começou a ser elaborado há 38 anos. O fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, afirma que os números são alarmantes, mas apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, de acordo com Mott, tais mortes são sempre subnotificadas, já que o banco de dados do GGB se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais.

Dandara

Um dos crimes citados no relatório foi o assassinato da travesti Dandara dos Santos, de 42 anos, em Fortaleza. O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Bairro Bom Jardim, e ganhou repercussão nas redes sociais após o compartilhamento de um vídeo que mostra a travesti sendo agredida por um grupo no meio da rua.

O vídeo, gravado por uma pessoa que está com o grupo de agressores, mostra parte da violência. A gravação tem 1 minuto e 20 segundos e termina quando os suspeitos colocam a vítima no carrinho de mão, após agressões com chutes, chineladas, pedaços de madeira, e descem a rua.

A mãe de Dandara, Francisca Ferreira, falou do momento de desespero. “Fiquei muito desesperada. Chorando e perguntado para Deus o que tinha acontecido. O que foi que esse menino fez meu Deus? Fiquei assim feito uma maluca sem saber no que acreditar. Se houve briga ou não”, disse emocionada.

Relatório

De acordo com o levantamento, mata-se mais homossexuais no Brasil do que em 13 países do Oriente Médio e da África, onde há pena de morte para lésbicas, gays, bissexuais e travestis. Os números de 2017 representam um aumento de 30% no número de assassinatos em relação ao ano anterior. Em 2000 foram registrados 130 homicídios; 260 em 2010 e 445 mortes em 2017.

O relatório mostra que, do total de assassinatos registrados no ano passado, 194 eram gays, 191 transexuais, 43 eram lésbicas e cinco eram bissexuais. Na maioria dos casos, as mortes se deram com extrema violência: com armas de fogo, armas brancas, espancamento e asfixia. Há ainda registro de apedrejamento, degolamento e desfiguração do rosto.

O relatório mostra, também, que 56% dos casos ocorreram na rua e 37% dentro da casa da vítima. Os crimes contra essas minorias sexuais geralmente são cometidos no período da noite ou madrugada, em lugares ermos ou no interior da casa da vítima, dificultando a identificação e prisão dos autores.

Dos 445 casos, cinco foram assassinados por familiares. É o caso de Gabryel Magalhães, de 16 anos, de Tianguá, no norte do Ceará. A morte do adolescente foi denunciada por uma parente – Aurelidia Ramos nas redes sociais. “Gabryel morreu apanhando até desmaiar. Meu coração está estraçalhado com tanta barbaridade, agressão física e psicológica”, publicou.

Ranking

Em relação ao ranking brasileiro, a região Nordeste caiu em 2017 para o terceiro lugar na média de vítimas por milhão de habitantes, com 2,58. Por outro lado, aumentou o índice se comparado com os índices da região no ano anterior, que era de 1,79. O estudo mostra que o Ceará ocupa a terceira posição no Nordeste, com 3,33 assassinatos por grupo de mil habitantes, atrás apenas de Alagoas (6,81) e Paraíba (3,48).

FONTE: G1 Ceará.

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