Governo Federal anuncia perícia em 1,2 milhão de benefícios pagos pelo INSS; 226 mil já foram cortados
O Governo brasileiro estimula que 1,2 milhão de perícias em benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) devem ser feitos. É o que aponta o ministro interino do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, que ainda conta sobre o pente-fino nos benefícios pagos pelo INSS, que começou em 2016 e, até dezembro de 2017, já contabiliza 249,8 mil perícias.
O pente-fino citado por Beltrame resultou no cancelamento de 226,2 mil auxílios-doença. Quando a revisão foi anunciada, o governo informou que o objetivo era “colocar uma tampa sobre os ralos abertos”, de forma a eliminar pagamentos a pessoas que não têm direito a receber benefício. Para o governo alcançar o número de 1,2 milhão de perícias, porém, parte dos 3.864 peritos do INSS terá de aderir a uma nova forma de trabalho que, segundo Alberto Beltrame, levará em conta a produtividade.
O novo modelo, diz o ministro interino, flexibilizará o cumprimento da jornada de trabalho e levará em conta, por exemplo, as atividades diárias executadas pelos peritos. O perito que aderir ao novo modelo, explicou, terá de realizar quatro perícias diárias (em auxílios-doença e em aposentadorias por invalidez) e se colocar à disposição de mutirões quando o ministério julgar necessário.
As novas regras foram publicadas nesta segunda-feira (15) no “Diário Oficial da União”. Os peritos interessados terão até 30 dias para informar se pretendem aderir ao novo sistema. Beltrame estima a adesão de pelo menos 1,5 mil desses profissionais. Para o ministro em exercício do Desenvolvimento Social, ao recompensar os peritos por produtividade, garantindo pelo menos quatro perícias diárias por profissional, o INSS poderá revisar em média 120 mil benefícios por mês, chegando ao número de 1,2 milhão de revisões ainda neste ano.
O pente-fino
O governo iniciou, em agosto de 2016, o pente-fino nos benefícios por incapacidade pagos pelo INSS. Até o momento, a revisão priorizou o auxílio-doença, nos casos de pessoas que há mais de dois anos não passam por revisão médica no INSS. A consulta de revisão é obrigatória e atesta se permanece ou não a condição que impede o beneficiário de trabalhar.
Já no caso da aposentadoria por invalidez, deve passar pela revisão quem tem menos de 60 anos de idade e está há dois anos ou mais sem passar por perícia. Ficam de fora pessoas com mais de 60 anos e quem tiver 55 anos e receber o benefício há pelo menos 15 anos.
O beneficiário incluído no pente-fino recebe uma carta de convocação. Depois da notificação, tem até cinco dias úteis para agendar a perícia pela Central de Atendimento da Previdência Social, no telefone 135. Caso contrário, o benefício fica suspenso até a regularização da situação. A partir do bloqueio, o beneficiário tem mais 60 dias para marcar a perícia. Se não procurar o INSS, o benefício será cancelado.
Benefícios pagos
Segundo o MDS, o INSS pagava, em 2016, 1,8 milhão de auxílios-doença a cada mês e, em dezembro de 2017, o número caiu para 1,4 milhão. A previsão, acrescenta o governo, é encerrar 2018 com 1,1 milhão de benefícios pagos todos os meses.
Dos 226.273 auxílios-doença cancelados até dezembro do ano passado, 199.572 foram cortados após a perícia, enquanto os demais, 26.701, por não agendamento ou não comparecimento do beneficiário ao exame obrigatório.
O novo sistema para os peritos
O novo modelo, voltado para a produtividade dos peritos, não valerá somente para as tarefas ligadas ao pente-fino do INSS. Pelo novo sistema, o perito acumulará pontos conforme as tarefas realizadas durante do dia, entre as quais perícias, atendimentos domiciliares e análises processuais, de exames e de laudos.
Quem cumprir a meta diária, poderá sair mais cedo do trabalho, por exemplo. Alberto Beltrame lembra que, por segurança, para garantir a qualidade do atendimento, o sistema não permite realizar 30 perícias em uma hora. “Cada perícia tem duração mínima de 15 a 20 minutos”, finaliza.
Para o ministro interino, mesmo que tente, o perito não conseguirá cumprir sua meta em uma hora de trabalho e ir embora, pois haverá mecanismos de controle que impedirão isso. Segundo ele, até então, o trabalho dos peritos do INSS era aferido pela assiduidade, ou seja, conferindo se o profissional cumpria as horas contratadas.
De acordo com Beltrame, o profissional que aceitar o novo modelo de produtividade poderá cumprir serviços burocráticos pelo computador, acessando o sistema do INSS, inclusive os existentes em outras agências do instituto pelo país.
FONTE: G1.