Pesquisa sobre enxaqueca expõe o grave quadro de automedicação no Brasil
A Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com o apoio do seu Departamento Científico de Cefaleia, acaba de realizar uma pesquisa para traçar o perfil dos que sofrem com a doença. De forma espontânea, 2.318 pessoas responderam a questionário estruturado, on-line, distribuído pelas redes sociais, que a grande maioria, 97%, afirmando que teve dor de cabeça no último ano.
Outro dado que reflete o quadro de cefaleia no Brasil e no mundo foi a maciça participação do
sexo feminino na pesquisa – 88% contra 12% de homens –, o que confirma o predomínio da doença entre as mulheres.
Do total de participantes, o diagnóstico de cefaleia que prevaleceu foi o da enxaqueca – 87% ou 1912 pessoas, das quais 946 sofrem de cefaleia episódica, com menos de 15 dias de ocorrência por mês, e 966 têm o tipo crônico.
A pesquisa mostra ainda a influência da doença nas atividades produtivas dos entrevistados, com 28% dos que sofrem de enxaqueca episódica sem emprego, número que sobe para 33% entre as vítimas do tipo crônico.
Automedicação
Mas a maior diferença entre os pacientes de enxaqueca episódica e da crônica é na questão sobre abuso de analgésicos – 36% entre os primeiros contra 74% entre os segundos tomam medicamentos além do recomendado.
“O paciente crônico realmente abusa mais de analgésicos”, atesta o neurologista Marcelo Ciciarelli, membro titular da ABN e coordenador da pesquisa.
A questão da utilização de remédios para sanar a dor de cabeça, aliás, é um dos pontos que mais chama a atenção. Entre a totalidade dos participantes, 81% declararam que tomam medicamentos sem a orientação de um profissional.
Esse problema da automedicação se estende entre a própria população. As respostas mostram que 58% das pessoas que sofrem de cefaleia indicam analgésicos para os outros, e 50% aceitam as indicações de não profissionais. Apenas 61% dos entrevistados afirmaram que procuraram auxílio médico para a dor de cabeça.
“A pesquisa indica que as pessoas que estão sofrendo com a cefaleia, principalmente com a enxaqueca crônica, precisam de atenção e muitas vezes não sabem como conseguir. Nosso intuito é mostrar que o melhor caminho para interromper o sofrimento com as dores de cabeça é buscar um bom acompanhamento médico”, conclui dr. Ciciarelli.
INFORMAÇÃO: Ceará News.