Nível mais extremo da seca no Ceará é reduzido a zero, aponta relatório
O nível de seca excepcional, que é o pior nível de estiagem conforme classificação do Monitor das Secas do Nordeste, foi reduzido a zero no Ceará após as fortes chuvas de março no Estado. Em fevereiro, o nível já havia diminuído drasticamente em relação ao início do ano, quando era de 63,64% .
Com a redução, o Ceará junta-se ao
Maranhão como os únicos estados com nível excepcional zerado. No Nordeste, os piores índices estão em Pernambuco (91,2%), Sergipe (82,5%) e Paraíba (72,3%).
Os dados, que foram produzidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e divulgados pela Agência Nacional das Águas (ANA), indicam que os
prejuízos provocados pela estiagem não serão mais a curto prazo, além da diminuição das perdas de produção agrícola.
Apesar disso, o último levantamento publicado do Diário do Nordeste no último dia 15, revela que 42 açudes têm volume morto e 18 estão secos.
Regiões Norte e Centro-Sul
No Ceará, as mudanças mais significativas foram observadas na parte Norte, onde, em algumas áreas, houve a redução de até dois níveis de severidade da seca , passando de seca grave (S2) para seca fraca (S0) e de seca extrema (S3) para seca moderada (S1), respectivamente. Na parte Centro-Sul, março foi o terceiro mês consecutivo com acumulados de chuva superiores a 100 milímetros em várias áreas e, por isso, os indicadores, principalmente de curto prazo, mostram uma redução na área de seca extrema (S3), passando essa a ser considerada uma seca grave (S2).
Aporte hídrico
Em março, as chuvas no Estado ficaram levemente acima da média (203,5mm). Apesar disso, os 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), distribuídos em 12 bacias hidrográficas, chegaram a 12% na última sexta (14).
Atualmente, o Ceará conta com 11 açudes em plena capacidade máxima. Os açudes que estão sangrando são:
Acaraú Mirim (Massapê);
Caldeirões (Saboeiro);
Cahuipe (Caucaia);
Itaúna (Granja);
São Pedro Timbaúba (Miraíma);
Valério (Altaneira);
Tucunduba (Senador Sá);
Gameleira e Quandú (Itapipoca);
Itapebussu e Maranguapinho
(Maranguape)
Há ainda 106 reservatórios com volumes abaixo dos 30%. O Castanhão, principal açude do Ceará, ainda está com apenas 5,85% da sua capacidade.
Previsão
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), empresas que fornecem água tratada no Estado enfrentam dificuldades para manter o abastecimento de dezenas de cidades desde 2012. Já são seis anos seguidos de perda de reservas de água nos reservatórios. “A situação não está fácil”, disse o chefe do escritório da Cagece, em Ipaumirim, Natan Dantas, em recente
entrevista ao Diário do Nordeste.
As águas que caíram sobre o Estado no 1º trimestre ajudaram a diminuir a severidade da seca, mas que estão longe do ideal . “O volume total de chuva dos últimos 3 meses foi suficiente para reduzir o grau de severidade da seca e também os impactos de curto prazo, ou seja, foi suficiente, ou está sendo suficiente, de uma forma em geral, para a agricultura de sequeiro, reposição de pasto, reposição de água nos barreiros e pequenos reservatórios. Entretanto, até o mês de março, não foi suficiente para resolver os impactos de longo prazo, isto e, recuperação do nível dos médios e grandes reservatórios”, explica meteorologista David Ferran.
A Funceme realiza a previsão de tempo de 3 dias e a previsão climática de 3 meses. Na última previsão climática para o total de chuva para o trimestre de março a maio indicava chuvas dentro da média. “O prognóstico, divulgado pela Funceme na manhã desta terça-feira (21), também projeta 20% chances de chuvas acima da média e 37% de probabilidade de precipitações abaixo da média. A média histórica do Ceará para o mês de abril é de 188mm e, até o dia 16, observamos 90mm. Em maio a média histórica é de 90 mm”, explica Ferran.
Situação no Nordeste
Historicamente, conforme os órgãos que monitoram os recursos hídricos, os estados do Nordeste recebem os maiores índices pluviométricos no mês de março, principalmente aqueles localizados na parte Norte, como Maranhão, Piauí e Ceará. Neste ano, as precipitações intensas ajudaram na redução do nível de seca excepcional na região. Em janeiro, o índice era de 60,9%, já no último mês o Monitor das Secas apontou redução para 32,8% .
FONTE: Diário do Nordeste.