Alcoólicos Anônimos passam a atender dependentes com a ajuda de robô nas redes sociais

Durante os últimos três meses, os Alcoólicos Anônimos no Brasil juntaram os depoimentos de seus 70 anos de história para a criação de um robô no bate-papo do Facebook, lançado nesta quarta-feira (29). A nova aba para conversa deve ser uma alternativa ao primeiro contato com grupo, que tem 12 passos para largar o alcoolismo. É a primeira vez que a comunidade abre atendimento pelas redes sociais.

O nome da página é “Amigo Anônimo” e, é claro, também irá manter o anonimato de quem entra em contato. De acordo com os AA, a proposta é ajudar no momento de quase recaída: informa sobre grupos de atendimento de emergência e também orienta amigos e familiares de dependentes. As interações procuram motivar as pessoas a irem pessoalmente para o atendimento completo. O próprio sistema fornece os horários e os endereços mais próximos.

Em menos de 48h, a página recebeu mais de 20 mil curtidas e 70 mil acessos, de acordo com dados do Facebook. Todo o sistema foi construído com base nos depoimentos – e na necessidade de resposta – descrita pelos participantes dos grupos de conversa. Entre as pessoas que acessaram a ferramenta neste primeiro dia, 40 já reverteram em ligações de ajuda.

“Muita gente começa a beber jovem e o alcoolismo vai acarretar mais pra frente. E onde estão os jovens? E onde está todo mundo? Na internet. Vamos pegar os 70 anos de experiência dos AA e colocar isso numa ferramenta pra ajudar outras pessoas”, disse Fernando Palandi, diretor de arte da agência J. Walter Thompson responsável pela comunidade.

Com o novo robô, os AA esperam ter mais contato com o público jovem, que tem menos conhecimento sobre as reuniões de dependentes, e as mulheres, que enfrentam mais preconceito quando buscam ajuda no combate ao alcoolismo.

“Os AA têm mais de 5 mil grupos no Brasil, uma média de 12 mil reuniões semanais, mas nós não conseguimos atingir o grupo jovem e, principalmente, essa demanda que a gente vê do alcoolismo feminino, que é muito escondido e que sofre um grande preconceito na sociedade. Basta você ir nas salas de reunião de AA e ver que há muito mais homens do que mulheres. Essa forma digital deve atingir esse público”, disse Jaira Adamczyk, psicóloga e presidente da junta de serviços gerais dos Alcoólicos Anônimos.

Fonte: G1

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