Michel Temer diz que gravação foi manipulada

Em seu segundo discurso após o jornal O Globo revelar delação de Joesley, na qual o empresário disse que o presidente deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, Temer citou perícias que identificaram edições no áudio de seu diálogo com o delator.

“Ouço mencionar que houve mais de 50 edições nesse áudio, que tenta invalidar o nosso país.”

Joesley gravou uma conversa que teve com Temer em março. No áudio, divulgado pelo STF na quinta-feira, eles mencionam uma pessoa chamada Eduardo, que seria o ex-deputado Eduardo Cunha.

Ao que Temer responde “tem que manter isso, viu?”

“Incluída no inquérito sem a devida averiguação levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”, afirmou o presidente.

Mesmo que tenha sido modificado, ressaltou o peemedebista, no diálogo não haveria concordância com a compra de silêncio de Cunha.

“A conexão de uma sentença à outra não é a conexão de quem diz ‘estou comprando o silêncio de um deputado'”, disse sobre as palavras de Joesley.

Temer citou ainda os ganhos da JBS no mercado de câmbio, após a empresa comprar uma grande quantidade de dólares antes de a delação ser revelada. Com a grave crise política que se instarou no país, o real caiu e o dólar se valorizou.

“Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada, especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que antes de entregar a gravação comprou um bilhão de dólares”, disse sobre Joesley Barista e outros executivos da JBS.

“Quebraram o Brasil e ficaram ricos”, continuou.

O presidente disse também que está entrando com uma petição no Supremo para suspender o inquérito do qual é alvo “até que seja verificada a autenticidade da gravação”.

Antes de terminar sua fala, Temer descartou a hipótese de renunciar ao cargo: “continuarei à frente do governo”.

Após a delação ser divulgada pelo jornal, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou um pedido da Procuradoria Geral da República, e com isso Temer passou à condição de investigado na operação.

Investigação

No inquérito autorizado por Fachin, o presidente é suspeito dos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, ao lado do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi assessor direto de Temer.

Na sexta-feira, o STF divulgou o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista.

O grupo, que se tornou a maior empresa processadora de carne do mundo durante as gestões do PT no Planalto, é alvo de cinco operações da Polícia Federal, que investigam pagamento milionário de propinas a agentes públicos.

O conteúdo dos documentos voltou a colocar o presidente em situação delicada ao apresentar novos indícios de pagamento de propinas e campanhas via caixa 2.

INFORMAÇÃO: BBC Brasil.

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